quinta-feira, 18 de junho de 2009

Dia 25 de Junho, das 19h30m às 23horas





Vídeo TYRED Orlando Franco



ORLANDO FRANCO “TYRED”

Sentir o impacto físico da imagem de uma única e tonitruante roda de tractor a girar imparável dentro de uma “Sala” de poucos metros quadrados é apanágio do vídeo. A utilização não comercial deste meio, em benefício da arte, surgiu no final da década de 60 do século passado. Desde então, tem sido utilizado a par da instalação, aos projectos site-specific, que ganharam força com o Minimalismo de Serra ou Judd, com os quais o espaço específico da exposição se funde às próprias obras.
O artista plástico Orlando Franco apresentou no espaço “A Sala” a vídeo-instalação “Tyred” – palavra anglo-saxónica que não se esgota no correspondente português “pneu”, mas que remete, mais expressivamente, para a palavra homófona “Tired” que, significando “cansaço” ou “exaustão”, direcciona mais e melhor no sentido da obra aqui proposta pelo artista.
Neste trabalho de Orlando Franco, não é a realidade captada pela câmara que nos é dada a ver mais de perto no contexto da exposição. A roda é um pretexto para ver o que está para além do visível. A oportunidade de contemplar o movimento e as forças que implicam um esforço. Essa acção contida e propositadamente arrastada, quase sofrida, acentua a tomada de consciência de coreografias quotidianas que, habitualmente, não conseguimos ver repetidas.
O artista, ao constranger esse movimento mecânico através dos meios tecnológicos, cria um efeito hipnotizante no qual a superfície da borracha deixa de ser coisa, para passar só a ser a acção. Mais facilmente captado na máquina, pela sua previsibilidade, o tractor é apenas um álibi que comprova esse interesse do artista pelo movimento, enquanto indício de vida – a “máquina mimetiza a vida”, afirma o artista.
Encaixado entre duas portas, o pneu move-se em sequências alternadas, parecendo encastoado entre eixos de rotação que pertencem ao espaço. Na sequência em loop, é impossível dizer quando avança ou recua; a percepção de mudança de ritmo dá-se graças a uma pausa no som, que assinala um esforço redobrado da máquina do tractor.
Mas porque é, frequentemente, nos intervalos que se ganha fôlego, ou se concretizam as mudanças, a dimensão espiritual deste movimento é também interior e intensifica-se na mudança de direcção ou de ritmo indiciada pelo som, como um ressurgimento de forças. Ou uma ressurreição. Este é, aliás, o significado do nome grego da série que este vídeo integra – “a-na’sta-sis”, série na qual a mecânica revivescente também está presente através de imagens em movimento.
Rendido às possibilidades do vídeo, talvez por ter sido um dos beneficiários da telescola, a 50 km de Lisboa, no Cartaxo, Orlando Franco tem desenvolvido um percurso tão ponderado como a sua obra, nomeadamente através do desenho que complementa, habitualmente, a realização de filmagens – apesar de não ser, necessariamente, uma preparação para estas e funcionar como trabalho de reflexão autónomo. No futuro, as instalações do artista poderão passar por apresentar as máquinas, lado a lado com os vídeos.
Licenciado em Artes Plásticas pela ESAD (Escola Superior de Artes e Design) das Caldas da Rainha, o artista tem investigado e reflectido sobre registos deixados por artistas como Richard Prince, Hiroshi Sugimoto ou Anish Kapoor. Sendo as fontes de interesse diversificadas, no trabalho de Orlando Franco subjaz a ideia de que, hoje, num tempo pós-histórico, o artista é – quase naturalmente – conceptual. Mas, arriscaria dizer, não necessariamente pós-utópico.

Margarida Rocha de Oliveira


_________


TYRED

Orlando Franco



Temos o prazer de anunciar a apresentação TYRED, do artista Orlando Franco, para o Projecto"a sala", dia 25 de Junho, entre as 19.30m e as 23horas.
O evento tem a duração de 4 horas depois das quais não se voltará a repetir. Situa-se na Travessa Convento da Encarnação, nº 16, 3º Drt, 1150-116 Lisboa.
Seja bem vindo!




Sem comentários:

Enviar um comentário