quarta-feira, 15 de julho de 2009

Maribel Sobreira_espaço_quarta-feira 22 de julho 2009


O Projecto “a sala” apresenta espaço de Maribel Sobreira.

Espaço dentro de espaço, a querer romper espaço… espaço com carácter ambicioso de produzir significações reactivas… e consegue!

Esta instalação agarra-nos, a nós público, sobretudo através das suas dualidades: o questionar o papel do autor versus a identidade da obra; a ambiguidade estabelecida entre o objecto e a natureza; a percepção das suas linhas racionais em contraponto com a sua forte componente orgânica… não há certeza onde ficam as fronteiras.

Este cubo que não é um cubo, mas que não deixa de o ser, exibe-se para nós, provoca-nos…afirma-se com arestas bem delineadas, com um posicionamento criterioso em relação ao espaço que o envolve, dono de uma escala acertada, em que não ofusca nem se deixa esmagar. Porem, este confronto que nos faz, é também possuidor de um grande número de sedução… uma luz ténue que nos baralha, que não nos remete a um posicionamento estudado mas que não deixa de ser certeiro, a sensualidade dos corpos (ramos) que tem dentro de si a criar jogos de sombras e de volumes que quebram a ortogonalidade das suas faces… a sua roupagem translúcida… ficamos quentes!

O atraente não está então “apenas” na sua origem de rigor, mas no pontuar esta matéria com toques de espontaneidade, de impulso… e este todo existe com a sonoridade de Hans Burgener e o seu tema “Tidal Awakening”. A presença deste compositor Suíço de música improvisada parece fazer todo o sentido e consegue estabelecer unidade com o som desconstruído vindo do seu violino.

Neste trabalho é notório o olhar atento da sua autora sobre a geometria da “sala” e a relação que a escala humana estabelece com ela. É perceptível que esta instalação acontece vinda de quem se educou a estudar, a transformar e a criar ESPAÇO… com a efemeridade que a contemporaneidade exige e com o poder de apelar ao imaginário do espectador, levado a questionar como seria o desenvolvimento desta obra quase encarada como organismo vivo em constante transformação.

Nas paredes da sala lêem-se quatro textos não da autora da peça mas de “escolhidos” que a vivenciaram em primeiro lugar. Neles estão presentes sensações díspares que a obra consegue causar: a de “ambiguidade”, de “luta entre corpos”, “de uma peça com um super ego desenvolvido”, “de um eu afirmado sobretudo pelas suas sombras”… no fundo, todos eles com maior ou menor capacidade de abstracção, transmitem a possibilidade que este “espaço real” possui em passar a “espaço onírico”… e isso pode complementar, enriquecer ou até mesmo transformar o que ali se vive, mas não consegue anular o artista (como a autora quase pré-estabelecia numa conversa prévia)… e ainda bem!

Fabricia Valente




O Projecto 'a sala' abre desta vez com uma exposição de
Maribel Sobreira,
quarta-feira
,
dia 22 de Junho
das 19.30h às 23 horas!




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